Até que o casamento os separe
Publicada: 17/01/2012 00:25|
Noemi Flores REPÓRTER
"Até que a morte os separe”, a tradicional frase religiosa no momento de selar o matrimônio de um casal apaixonado, que antes de casar, tal a afinidade, os anos de namoro, não restaria nenhuma dúvida de que estas palavras eram a maior certeza de suas vidas. Mas, antes mesmo de um ano, lá vem a separação e surpresa para todos os familiares que estupefatos com a decisão afirmam: “Mas eles se davam tão bem, como pôde ocorrer isto?”.
Noemi Flores REPÓRTER
"Até que a morte os separe”, a tradicional frase religiosa no momento de selar o matrimônio de um casal apaixonado, que antes de casar, tal a afinidade, os anos de namoro, não restaria nenhuma dúvida de que estas palavras eram a maior certeza de suas vidas. Mas, antes mesmo de um ano, lá vem a separação e surpresa para todos os familiares que estupefatos com a decisão afirmam: “Mas eles se davam tão bem, como pôde ocorrer isto?”.
A psicóloga disse que “nós estamos vivendo uma sociedade em que a expectativa das pessoas está virando imediatismo, a pressa de chegar a algum lugar, necessidade de preenchimento das mais diversas ordens, satisfação das suas necessidades e desejos mais imediatos”.
Antes do casamento, mesmo com um namoro de longos anos, o casal ainda não mora no mesmo teto, então começa a idealizar a vida a dois, como Castro Lima destaca. “A partir daí tem aquele sonho de grandes festas, aquele `sonho dourado`, mas a intolerância entre os casais está levando ao desamor, a realidade prática nem sempre faz com que as pessoas permaneçam juntas”.
Para a psicóloga é importante que as pessoas procurem ajuda de um profissional para tentar superar estas dificuldades. “É tão precipitado o desenlace, por que as pessoas não procuram ajuda?. Apesar de ter um relacionamento de anos na hora que passam a viver juntos não conseguem enfrentar a realidade da vida”.
A especialista chama a atenção para quem casa porque vai ter um filho ou já programa logo após o casamento. Estes casais devem estar bem preparados para a maternidade e paternidade. “Na hora que vem o filho nem sempre sustenta a relação. É aquela história que grande parte dos homens exige e não quer dividir as tarefas, pois ainda está naquele velho modelo, mesmo quando a mulher que já divide as despesas com ele”, destacou.
Individualismo e coabitação
A explicação destas separações com menos de um ano de casados, embora os cônjuges tenham passado por longos anos de namoro, é explicado pelo antropólogo Alberto Albergaria, doutor pela Universidade de Paris III, com apenas uma palavra: convivência. “Quando está namorando não coabita, trata-se de uma relação mais solta, onde os laços amorosos não estrangulam as pessoas.
A coabitação faz a relação perder a aura de romantismo”. Para o antropólogo o mundo de hoje é de cultuar o corpo e a casa é um espaço absoluto para a pessoa estar presente no seu corpo, então as pessoas passam a ter acesso à intimidade corporal do outro, o que muitos não conseguem suportar este cotidiano, principalmente a classe média alta, que não está acostumada a coabitar.
Por isto, ele chama atenção para uma realidade, a de poucas separações de casais pobres, o que ele explica como “ o pobre está mais acostumado a viver em ambientes com muita gente, por isto suporta mais a coabitação”, assegura.
Albergaria enfatiza que quando namora, a pessoa praticamente se produz para a cara metade, havendo os bastidores da aparência que se complica quando passam a habitar no mesmo teto e se verem como são. “É como se fosse um confinamento, um big brother, pois nesta situação há um tipo de relação extrema e estressante. O laço de convivência para algumas pessoas é sufocante”, argumenta.
O antropólogo disse que dados do IBGE dão conta que é muito comum as separações de um a dois anos de casados, chamada a crise das Bodas de Papel (1 ano) e de Algodão (2 anos). Quando há o desenlace, para Albergaria se trata de pessoas que “têm uma vida autônoma, que dão importância à liberdade, quando casa se sente estrangulado”.
Ele explica ainda que a tendência contemporânea é de cada vez mais frequente acontecer separação no primeiro ano devido a estes fatores nomeados anteriormente. Já os valores antigos, do tempo dos nossos avós, a razão dos casamentos duradouros era porque em que em primeiro lugar vinha a família, em segundo o casal e em terceiro o indivíduo.
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